terça-feira, 5 de abril de 2011

Distopias Top 25 (2/3)

17
Robocop (1987)
Robocop foca a dissolução da sociedade civil e a ascensão de uma sociedade totalitária controlada por corporações. Paul Verhoeven tem dois filmes, Robocop e o horripilante Startship Troopers (que talvez entrasse nesta ordenação se fosse um Top 500), passados sobre num regime fascista onde a publicidade é usada como propaganda. No caso do Robocop observamos a construção de um cyborg policial que se transforma num Batman com cuecas de titânio. Apesar disso, é um filme de culto dos anos 80 e com perfeita justiça. A animação stop-action do Enforcement Droid Series 209, se bem que um pouco mal feita (há stop-motion bem feita?), ainda me faz lembrar os calafrios que tive quando o vi e ouvi, pela primeira vez, no cinema: "You have 15 seconds to comply".
16
They Live (1988)
John Carpenter! Quem te viu e quem te vê... A década de 80 para este senhor do Terror conseguiu estar à altura do seu maior filme, Halloween de 1978. They Live é um grande filme de SciFi e é o meu quarto preferido dele dessa década! Para além do próximo da lista, ainda contamos com o The Fog e o espectacular remake The Thing. Mas divago. Quanto ao They Live: uma sociedade aparentemente normal que, nos bastidores e de forma subconsciente, está a ser levada à submissão política por uma máfia de extraterrestres. Uma clara analogia com os poderes instituídos (muito terrenos) que amansam a sociedade civil e os nossos direitos fundamentais. Tudo bem resumido e impresso nas notas de dólar: "This is your God".
15
Escape from NY (1981)
Este filme de Carpenter passa-se em 1997... O super duro Kurt Russell a fazer de hiper duro Snake Plissken. O crime nos EUA entrou em espiral e decidiu-se fechar a ilha de Manhattan transformando-a numa prisão murada. Como se imagina a ordem social lá dentro não é a melhor possível. Acontece que o avião do presidente do país cai mesmo lá dentro e é feito refém. O único capaz de salvá-lo é The Snake que, com a promessa de liberdade, aceita a missão. Esta distopia é relativamente centrada na ilha, mas uma nação que decide tomar essa atitude não deve estar muito bem de saúde moral... Um conselho: não vejam a sequela!
14
Planet of the Apes (1968)
Charlton Heston... Não gosto lá muito do senhor Ben-Hur mas não consigo ver-me livre dele: já foi actor principal num filme referido aqui no blog e aparece duas vezes nesta lista. A primeira é este super clássico Planeta dos Macacos. Uma missão de quatro astronautas que chegam a um planeta depois de uma viagem relativista de 2000 anos. A nave tem um acidente e choca contra um planeta, onde um dos ocupantes morre. Felizmente para a tripulação, o planeta é respirável, tem vida e infelizmente é governado por macacos esclavagistas! Vistas as coisas assim, realmente o argumento parece estranho, mas é uma interessante perspectiva sobre as castas e a escravatura, a religião e o racismo. Deve ter a primeira cena de beijo entre um homem e uma mulher de outra espécie biológica que não um extraterrestre à lá Star Trek que só tem de diferente as pestanas ou as orelhas. O final é uma das cenas mais clássicas que é possível encontrar na história da SciFi. Este filme deu origem a umas mil sequelas. E outro conselho: não vejam o remake!
13
Mad Max (1979) / Mad Max 2 (1981)
Mel Gibson é Mad Max no filme dos filmes pós-Apocalípticos. A ordem social colapsou e as estradas são propriedade de gangs motorizados. A vida normal é substituída pela anarquia, a polícia pela vingança, o comportamento social pela loucura. Um road-movie e filme B australiano que, conjuntamente com a primeira sequela, se tornaram num êxito global. Tenham atenção porque, ao que parece, há uma versão dobrada muito mázinha em inglês americano (já que o inglês australiano é outra língua...). Com o sucesso do primeiro filme foi feita uma sequela, Mad Max 2: The Road Warrior, uma maior produção que conseguiu melhorar o filme original. Enfim, para não dar preferência a um sobre o outro, coloco os dois filmes nesta mesma posição (já o terceiro filme, com Tina Turner, não está à altura).
12
Soylent Green (1973)
E pronto, cá temos o Charlton Heston outra vez numa distopia. É o ano 2022 e só em NY habitam 40 milhões de pessoas. Este cenário faz lembrar os fantasmas da catástrofe Maltusiana que, felizmente, no mundo real, parece ter sido definitivamente afastada. Tanto a população está a estabilizar, como a produção agrícola tem tido níveis de produção muito maiores do que o esperado. Só que Soylent Green é uma visão do que poderíamos ser se Malthus tivesse razão. A comida passou a ser, não um bem de luxo, mas algo muitíssimo raro. A Soylent Corporation fornece um plancton como substituto alimentar. Mas de que será feito este novo plancton? Outro clássico dos grandes anos 70.
11
THX 1138 (1971)
Como alguém disse: "O Star Wars roubou-nos um dos mais imaginativos realizadores da nossa geração". Esta é a sua primeira longa. Passada no Século 25, conta a história de THX (Robert Duvall) a tentar escapar a uma sociedade que usa drogas para manter a população mansamente controlada. Realizado com poucos meios, Lucas consegue criar um bom filme. Dado o triste carácter revisionista de Lucas (que já adulterara a trilogia inicial polvilhando-a com algumas decisões infelizes), a versão do realizador foi lançada recentemente em Blue-Ray contendo polémicas alterações que, há quem refira (eu ainda não vi), fazem perder alguma da força da versão original (ele inclui novas cenas em CGI... wtf?). Ainda por cima, não está ser re-editada a versão original. Isto é estúpido porque existe a internet, e se há característica que define a internet é que ela não se esquece de nada.
10
Gattaca (1997)
A distopia eugénica por excelência. A tirania dos genes é agora total. Quer namorar alguém? Peça-lhe o seu ADN e verifique se vale a pena. Quer emprego? Não vale a pena escrever um curriculum. Os mais dotados geneticamente são os seleccionados para os cargos socialmente mais elevados. Qualquer pai que deseje sucesso aos seus filhos, selecciona artificialmente o conteúdo dos seus ADNs. Quem nasce sem selecção prévia é considerado de casta inferior e limitado a trabalhos meniais. O filme segue um desses azarados subgenéticos a enganar o sistema para entrar na academia espacial, um dos locais mais selectos da nova sociedade. Um filme muito bem feito, com participação especial de Gore Vidal e superiormente musicado por Michael Nyman.

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